Não É Dose Para Leão

Conta a história que o termo “dose para leão”, que tem o mesmo significado de “dose para cavalo” e “dose para elefante”, vem dos idos dos anos 60, ainda no século passado, quando corria essa anedota que pode ter sido a origem da expressão que eu quero tratar neste artigo de hoje.

Quem sabe por um desses acasos que são comuns nas histórias populares, morreram ao mesmo tempo o leão e o tigre de um circo. O diretor do circo, desesperado por ter perdido duas de suas principais atrações, resolveu recorrer a um artifício: contratou dois mendigos para vestirem as peles dos animais mortos e se passarem pelas feras diante do público pagante. Feito o acordo, os malandros ocuparam suas respectivas jaulas e o circo seguiu em caravana até a próxima cidade, onde deveria se apresentar. Mas eis que são barrados logo na entrada por uma barreira de controle sanitário, pois em virtude de uma epidemia naquele município, todo e qualquer animal para poder entrar, teria que antes ser vacinado. Situação com a qual o dono do circo concordou.

Mas... quando o veterinário aproximou-se do “tigre” com uma seringa do tamanho de uma garrafa e a agulha espessa como um prego, “o tigre” protestou: “Ei! Isso não é dose para tigre; isso é dose para leão”! 

Quem nunca ouviu ou falou essa expressão ao se deparar com algo que entendesse não ser suportável para si mesmo? Talvez os mais jovenzinhos nunca tenham dito isto, mas seguramente já ouviram os “menos jovens” dizerem esta frase/reclamação. Aposto que sim!

Nós, só os humanos, temos uma tendência de reclamar quando as coisas parecem ser além do que podemos suportar. E é exatamente quando nós não conseguimos suportar a pressão, quando não conseguimos resistir até o fim, é que nos defendemos dizendo: Mas essa situação era mais do que eu poderia suportar, por isso não resisti, por isso falhei.

Não incomum a gente ouvir este tipo de argumento quando alguém faz algo que não deveria ter feito, algo que estaria além do normal, algo que diante da Palavra de Deus, também tem o nome de PECADO.

- Traí porque a carne é fraca!

- Me corrompi porque todo homem tem o seu preço!

- Xinguei porque o meu sangue não é de barata!

- Agredi porque ela me irritou além da conta!

Estão postos aqui alguns simples exemplos de situações em que quando a gente cede e vacila, tudo parece ser razoável e justificável, exatamente porque a dose da pressão foi além do que poderíamos suportar, então estaria caracterizada a tal da dose para leão.

Mas como será que Jesus se comportaria diante da mesma situação que nos tentou e nos fez pecar? Será que as situações que hoje nos tiram do centro da vontade de Deus são muito diferentes ou muito mais pesadas do que as que Ele suportou enquanto esteve entre nós, em carne e osso? Pense você aí!

No evangelho segundo Mateus, vemos que no Capítulo 4, logo após Jesus ser batizado por João, Ele foi levado ao deserto pelo Espírito para ser tentado pelo diabo e após 40 dias teve fome. Eu creio que o inimigo não tenha esperado tanto tempo por acaso, mas ele estava aguardando o momento em que a carne de Jesus estivesse mais enfraquecida, ao ponto de poder sucumbir às tentações que lhe fossem atraentes. Pelo menos eu acho que era o que o rabudo pensava (sic).

O diabo, astuto como é, percebeu que como Jesus tinha fome, nada seria melhor do que oferecer aquilo que o Senhor tanto queria naquele momento, então disse: "Se você é o Filho de Deus, mande que estas pedras se transformem em pães" – Neste momento o Senhor foi tentado na obediência, pois Ele sabia quem era e qual era a Sua missão nesta terra, logo, Ele não poderia usar do Seu poder em benefício próprio. Ele teria que estar pronto para cumprir o propósito exatamente como um homem comum, caso contrário, a missão se tornaria inválida e o preço a ser pago não teria o valor que nós sabemos que teve, por isso Ele rebateu a cobiça da carne com a meditação na Palavra (está escrito).

Em seguida o inimigo foi para uma nova investida, ao levar o Senhor à parte mais alta da cidade santa, lhe disse: "Se você é o Filho de Deus, jogue-se daqui para baixo. Pois está escrito: ‘Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, e com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra’" – Nesta o diabo apelou para a cobiça dos olhos, pois Jesus estava diante da cidade santa, e em sendo Ele O Santo, certamente nada de mal poderia Lhe acontecer se Ele fizesse uma "demonstraçãozinha" de poder para o tentador. O opositor do Senhor apostou que a vista daquela cidade iria seduzir o Mestre ao ponto dEle colocar o propósito todo a perder, pois Ele estaria muito enfraquecido,  vulnerável e susceptível para não conseguir suportar uma tentação daquelas. Então Jesus deu mais uma prova de que estava firme e que iria até o fim da sua jornada, dizendo mais uma vez: está escrito.

Como derradeira apelação naquele episódio, Jesus foi tentado na ostentação de bens, isto é, na soberba. O diabo O conduziu a um monte muito alto e mostrou-Lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor, para depois jogar a cartada fatal ao dizer: "Tudo isto lhe darei, se você se prostrar e me adorar" – Aí Jesus disse que jamais iria se prostrar à nada, a não ser ao Senhor Deus, pois isto também isto está escrito.

E após toda aquela peleja, nós sabemos que o diabo se retirou e o Senhor recebeu o seu “prêmio” por resistir bravamente a todas tentações que sofreu, pois a Palavra diz que os anjos vieram e o serviram. O Pai estava vendo de forma muito atenta o que estava acontecendo naquele momento de fundamental importância, e certamente viu o Filho ser aprovado com louvor.

Disto nós podemos aprender que se Jesus suportou as mais duras formas de tentações do mundo, conforme bem descreveu o apóstolo João:

Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não vêm do Pai, mas sim do mundo. Ora, o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus, permanece para sempre. (1 João 2: 16-17).

Ora, se Ele tendo assumido a forma totalmente humana, suportou as tentações mais severas sem dizer ao Pai que aquilo era dose para leão, isto mostra para mim e para você, que nós também podemos vencer, se estivermos focados em obedecer e fazer cumprir em nós a vontade de Deus.

Jamais pense ou diga que a tentação que você está enfrentando é mais forte do que você, pois embora a carne seja mesmo fraca, o Espírito precisa estar forte para nos dizer que o pecado não é vitamina para a carne que é fraca se fortalecer.

Saiba ainda que toda forma de tentação é feita sob medida pelo diabo exatamente para os humanos, portanto, elas não são para espíritos nem tão pouco são dose para leão, pois a Palavra nunca nos enganaria ao prometer algo que não se possa realizar, veja:

Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia. Não vos sobreveio tentação que não fosse comum aos seres humanos. Mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além do que podeis resistir. Pelo contrário, juntamente com a tentação, proverá um livramento para que a possais suportar. (1Coríntios 10:12-13)

Lembre-se disto! Embora Deus não tente a ninguém (Tiago 1:13), para Ele a dose de tentação que tenhamos que enfrentar nunca é para leão, ela sempre será comum aos seres humanos (nem mais nem menos), exatamente o que você é, por isso, fique firme, confie no Senhor e jamais confie na sua própria carne, pois sem Jesus nada podeis fazer! 

É Noix no Pai!

Roberto Baence

Carioca estabelecido em Sampa

Esposo de Flávia Mendes

Pai de Arthur Baence

Pai de Benicio Baence

Líder da Nova Tribo - Grupo de Jovens da Igreja de Nova Vida em Alphaville